A Terceirização Aplicada ao Desenvolvimento Imobiliário

A terceirização de serviços está muito em discussão atualmente, não apenas em decorrência da Lei da Terceirização, sancionada recentemente pelo Presidente da República, mas, principalmente, por sua necessidade prática de aplicação, devido ao momento econômico no qual o país se encontra e ao altíssimo índice de desemprego em que se chegou devido à crise.

No ciclo imobiliário, a terceirização é bem comum e se faz presente em todas as fases do desenvolvimento de um empreendimento, como demonstrado a seguir:

Aquisição do terreno: nesta etapa inicial do ciclo, o incorporador, na maioria das vezes, tem como atividades terceirizadas do processo: um corretor imobiliário que lhe traz a oportunidade de negócio e um escritório de advocacia para analisar e cuidar da parte jurídica e burocrática da transação. Também é usual a contratação de profissionais técnicos para realizarem levantamentos de campo e análises geológicas e ambientais do imóvel em questão, além de um arquiteto para realizar um estudo preliminar de viabilidade de projeto e eventuais consultores para aferir a legislação incidente e outras premissas do terreno.
Desenvolvimento de produto e projetos: nesta fase, o incorporador aumenta sua cadeia de prestadores de serviços terceirizados, contratando: arquitetos, paisagista, consultores e projetistas das mais variadas disciplinas, tais como: fundações, estrutura, instalações prediais, luminotécnica, elevadores, sustentabilidade, coordenação e compatibilização de projetos, entre muitos outros.
Aprovações e Registros, Marketing e Vendas: as empresas de incorporação imobiliária também contratam, normalmente, consultores especiais para realizar as aprovações dos projetos junto aos órgãos públicos, como: Prefeitura, Graprohab, COMAR, entre outros, conforme a complexidade do projeto; e também junto às Autarquias e Concessionárias. Além disso, terceirizam: advogados para efetuarem as minutas e o registro da incorporação; agências de marketing, consultores e produtores, para a realização da campanha de divulgação do produto; e, por fim, empresas imobiliárias para venderem suas unidades.
Execução da Obra: o incorporador, quando é o construtor do empreendimento também terceiriza muitos serviços em seu canteiro, que vão desde a terraplanagem, execução de alvenaria, produção e instalação de esquadrias, instalações hidráulicas e elétricas, pintura, e outros fornecedores e serviços relacionados a obra, propriamente dita, até empresas de segurança, limpeza, refeição para os trabalhadores, etc. E ainda há outro cenário, não raro, no qual o incorporador não é o construtor da obra e, então, este realiza um contrato “por administração” ou “por empreitada global” para que uma construtora terceira execute sua obra.

Além destes casos e etapas mencionadas, há a contratação de uma série de consultores e serviços para atuar em áreas específicas, sempre com o intuito de melhorar a produtividade e o resultado do negócio imobiliário, tais como as consultorias de gestão: de vendas, projetos, obras, pessoas, e de serviços para facilitar a obtenção de crédito do cliente, como assessorias de análise de score dos compradores e de repasse do cliente ao banco, entre outras.

A percepção do mercado é que a presença de consultorias estratégicas atuando nas mais diversas frentes do ciclo imobiliário deve aumentar ao longo dos anos, principalmente, devido a redução do corpo profissional das empresas e também pela tendência de empreendedorismo de profissionais liberais com grande experiência e alto gabarito que saíram do mundo corporativo para atuar em seu próprio negócio.

O know-how destes gestores continuará imprescindível às empresas, que passarão a contratá-los sob demanda, o que pode ser vantajoso por dois fatores: 1-) gerar economia, uma vez que um bom gestor tem um alto custo na folha de pagamento mensal de uma companhia; e, 2-) trazer novas práticas e conceitos atualizados, que podem contribuir para colocar a empresa em lugar de destaque no mercado, além de proporcionar uma visão mais ampla e imparcial sobre o negócio.

Importante, no entanto, é ressaltar a atenção que se deve ter quanto à terceirização de serviços para atendimento direto ao cliente, em qualquer etapa do desenvolvimento de empreendimento imobiliário, passando pela venda, etapa de obra, até a entrega das chaves e assistência técnica.

O cliente, via de regra, sempre entenderá que está falando com a empresa dona do negócio, mesmo que o profissional que o esteja atendendo seja terceirizado. Para ele, toda a responsabilidade sobre o projeto é da incorporadora com a qual ele assinou seu Contrato de Venda e Compra.

Assim, caso o empresário opte por terceirizar qualquer contato com seu cliente, é valioso zelar pela boa gestão destes profissionais, treinando, capacitando, coordenando e controlando todo o processo, para que o cliente não receba informações equivocadas e nem seja atendido de forma displicente, pois o mal atendimento em qualquer uma das fases, poderá custar o seu sucesso.

Por: Alexandra de Lima Monteiro – Executiva de Incorporação / Mercado Imobiliário / Gerente de Negócios Imobiliários